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Por: Luís Salvador Poldi Guimarães (Dodô)
Na 1ª guerra balcânica os sérvios vencem os turcos. A sérvia adquire o Kosovo em 1913. E a partir desta data o Kosovo torna-se uma Província da Sérvia.
O povo mais antigo a habitar o Kosovo foram os albaneses. Os albaneses dizem que eles, os albaneses, são descendentes dos ilírios.
Nas primeiras décadas do século XIX, os delicados equilíbrios políticos, étnicos e religiosos nos Bálcãs são perturbados pela ação conjugada de dois fenômenos: o acentuar do declínio do Império Otomano e a penetração dos ideais da Revolução Francesa (1789) e do Romantismo.
O declínio otomano, um processo que remonta ao século XVI, tornou-se notório depois do Tratado de Kutchuk Kainardji (1774), o qual veio pôr termo (fim) à guerra russo-turca de 1768-1774.
O Kosovo não é país da Península Arábica (Oriente Médio). O Kosovo é um país da península Balcânica (Europa).
Em Maio de 1913 se encerraram os trabalhos da Conferência de Londres, que foi uma reunião internacional convocada para discutir e aprovar o ordenamento territorial emergente da primeira Guerra Balcânica. A Sérvia (adversária do Brasil, ganhamos de 2 x 0) alcançava praticamente todos os seus objetivos. Absorvera os distritos kosovares e macedônios da Turquia. A Sérvia (país continental, ou seja, sem acesso ao mar, no caso o Mar Adriático) tornara-se o Estado eslavo mais poderoso dos Bálcãs ocidentais e apenas não conseguira obter a saída para o mar que ambicionava (o porto albanês de Dürres). Os albaneses não tiveram tanta sorte. Apesar do patrocínio dos italianos e dos austríacos, pouco interessados numa Sérvia hegemônica na região, o máximo que conseguiram foi o reconhecimento de um minúsculo Estado (tratava-se de impedir o acesso da Sérvia ao Mar Adriático).
Ficando a Albânia cercada por países hostis, governada por um príncipe prussiano, e habitada apenas por metade (750 mil habitantes) de um total de um milhão e meio de albaneses recenseados nas antigas províncias otomanas.
Os escassos meses (15 meses = 1 ano e três meses) que decorreram entre o fim das Guerras Balcânicas e a eclosão da I Guerra Mundial, em Agosto de 1914, foram suficientes para que os albaneses sentissem o gosto amargo do domínio sérvio. Após o reconhecimento da anexação do Kosovo, o Governo de Belgrado (capital da Sérvia) militariza a administração do território, organiza expropriações de terras e promove a expulsão de populações. Entre 1913 e 1914 calcula-se que cerca de cento e vinte mil albaneses muçulmanos tenham abandonado o Kosovo em busca de refúgio na Albânia. A Albânia está a Oeste do Kosovo.
Em 1915, ao penetrarem no Kosovo, os exércitos austríacos e búlgaros que agiam como potenciais libertadores da população albano-kosovar.
Porém, em 1918 a sorte voltaria a ser madrasta para os albaneses. Carregando o estigma do alinhamento com as potências centrais, as suas reivindicações irredentistas sobre o Kosovo foram completamente ignoradas pelos Aliados na Conferência de Paz de Paris, e em particular pelo Presidente Woodrow Wilson, que depositava grandes esperanças no papel estabilizador que o novo Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (agora liderado por um monarca sérvio) poderia desempenhar e manter a paz na península balcânica. No seio do novo reino dos eslavos do Sul, o Kosovo viu ser-lhe atribuído o estatuto de simples província da Sérvia. Pensavam que iam desfrutar de um certo cartaz, qual nada, puro engano!
Aos kosovos, os sérvios lhes impuseram a proibição do uso e ensino da língua albanesa no Kosovo. Quem se rebelasse era lhe tomado as terras. E foram colocados colonos sérvios e montenegrinos no seu território nas regiões estratégicas e nas zonas de fronteiras com a Albânia (no sudoeste do Kosovo).
Depois do colapso do comunismo e da intensa intervenção estrangeira no País. A Iugoslávia entrou em crise. Os ideais de limpeza étnica se afloraram. Foi a guerra racial que se estabeleceu: sérvios contra os albaneses. Já dissemos que o povo que chegou primeiro ao Kosovo foram os albaneses descendentes dos ilírios da Antiga região da Ilíria. Porém, os sérvios também começaram a reivindicar esta antiga região, a Ilíria. Mas, o certo é que os sérvios (das tribos eslavas) chegaram nesta região depois.
Portanto, os sérvios e os croatas são descendentes deste povo eslavo que chegou depois. E foi após a chegada dos eslavos que o povo albanês foi se retirando para as montanhas. O povo albanês só foi retornar para as partes baixas do Kosovo depois do domínio otomano (depois também da instalação do Islamismo).
O que os sérvios e os albaneses não percebem é que antes deles quem habitava esta região eram os valáquios, uma população oriunda das margens do Danúbio, latinizada, seminômades, que mais tarde se viriam a fundir com os romenos.
Estamos narrando estes fatos porque todas as etnias convocam a sua história para comprovar que são eles os merecedores de dominarem a região. E todos se reportam a Idade Média (500 – 1500).
O Kosovo é, supostamente, a sua Jerusalém, a terra sagrada onde o Estado, a cultura e a identidade religiosa sérvias nasceram e se desenvolveram.
Perceba como é necessário conhecer a história para nos posicionarmos. Quem tem direito ao Kossovo?
O reino medieval sérvio nasceu originalmente na Rascia, uma região situada a Noroeste do atual Kosovo, em 1166, quando os Nemanjic, uma poderosa família de senhores feudais, conseguiram unificar politicamente as várias tribos sérvias. Aproveitando-se da fraqueza de Bizâncio, Stefan Nemanja, o fundador da dinastia, iniciou nesse ano uma bem sucedida campanha de expansão territorial que num curto lapso de tempo separaria as terras sérvias da tutela de Constantinopla. Quando abdicou do seu trono para se recolher a uma vida monástica no Monte Athos, em 1196, o reino sérvio havia já absorvido todo o Kosovo oriental e partes da Bósnia. O apogeu Nemanjic ocorrerá durante o reinado de Stefan Dusan (1331-1355), o segundo monarca a tirar partido do declínio de Bizâncio para expandir os domínios sérvios, ao ponto de tê-los transformado num verdadeiro império multiétnico e multilinguístico que se estendia do Danúbio ao Golfo de Corinto.
A localização dos principais mosteiros medievais na Metohija (a região Norte do Kosovo), e a instalação do Patriarcado sérvio em Pec são, de resto, dois fatos associados à ideia do Kosovo como «berço espiritual» da Sérvia. Uma vez mais, porém, a evidência empírica colide com o discurso nacionalista. Foi apenas no século XIV, com a expansão dos edifícios do Patriarcado de Pec e as construções dos mosteiros de Gracanica, Decani e Prizren, que o Kosovo adquiriu uma real importância no âmbito do programa de edificações religiosas dos Nemanjic. Até então, a vida monástica sérvia esteve sempre sediada no local onde se desenvolveu o embrião do Estado nemanjic: a região da Rascia. E Pec só se tornou a sede do arcebispado autônomo sérvio em 1296, depois do mosteiro de Ziyca ter sido pilhado e incendiado por uma expedição de tártaros e cumanos.
Depois os sérvios conseguiram salvaguardar o que restou do Império Nemanjic por um período de 70 anos (1389 – 1459). Depois do ataque do Império Otomano a Igreja Ortodoxa Sérvia foi praticamente a única instituição que sobreviveu à extinção do Estado sérvio, e os seus responsáveis nunca perderam de vista a esperança de uma ressurreição do império Nemanjic. A gestão de Lazar, com a sua rica simbologia cristã, foi preservada como um dos elos de ligação dos sérvios a um passado de independência e glória, ao mesmo tempo que ajudava a apagar da memória dos camponeses a recordação das duras realidades do feudalismo do tempo do Império Nemanjic.
Quando em 1912, durante a primeira Guerra Balcânica, o exército sérvio pisou finalmente o «solo sagrado» do Kosovo muito soldados mergulharam numa espécie de êxtase místico, sentindo que eles eram a geração que havia realizado um sonho nacional velho de séculos: reconquistar com a espada a liberdade que havida sido perdida pela espada. Quando as ciências sociais vieram a chamar a atenção para a necessidade de se encarar as identidades nacionais como realidades socialmente construídas em vez de terem trazido a paz, a liberdade e a democracia, ou pelo menos a independência dos Estados, a afirmação dos nacionalismos viera afinal mergulhar a Península Balcânica em sucessivos ciclos de destruição e violência, do qual as Guerras da Iugoslava é o mais marcante exemplo.
Os sultões, em sua visão teológica do mundo, protegiam os mulçumanos e entre a aplicação da sharia (lei corânica) e a lei canônica a que prevalecia era a lei corânica. E cristãos e judeus viviam a margem do poder (discriminados). Com a chegada do Império Otomano houve a revirada do feudalismo cristão para o feudalismo otomano. E ser mulçumano significava estar isento de vários tributos.
Católicos e Ortodoxos rezavam juntos na mesma Igreja. Os albaneses eram católicos. Depois das guerras com a Áustria e Veneza os albaneses católicos foram embora do Kosovo (foi o período chamado da Grande Imigração).
O declínio otomano, um processo que remonta ao século XVI, tornou-se notório depois do Tratado de Kutchuk Kainardji (1774), o qual veio pôr fim à guerra russo-turca de 1768-1774.
Até que surgiu a ideia da criação da Grande Sérvia. O principal ideólogo do projeto moderno da «Grande Sérvia» foi Ilija Garasanin, ministro do Interior do príncipe Milos Obrenovic, que em 1844 elaborou um plano, o Nacertanije, onde sintetizava as seculares aspirações dos sérvios.
Esta ideia de criar a Grande Sérvia articulava um programa de expansão territorial assente numa legitimidade de ordem histórica (o antigo império Nemanjic), e demográfica: as regiões da Croácia, Bósnia e Hungria onde populações sérvias se haviam fixado durante os quatro séculos de dominação otomana. O Nacertanije explicava também os passos que seria preciso dar para concretizar o sonho da «Grande Sérvia»: em primeiro lugar havia que destruir, pedra por pedra, o império otomano; em seguida, consolidar economicamente o jovem reino e finalmente, orientá-lo para o conflito decisivo com a Áustria, que Garasanin descrevia como «o inimigo mortal da Sérvia».
Como sabemos os turcos chegaram no Bálcãs em 1453. Antes do Brasil ser descoberto pelos portugueses.
Mas, aí, veio à crise do Oriente de 1875-1878, concluída de forma desastrosa para a Porta (como era conhecida a Iugoslávia), que depois da intervenção russa e das demonstrações de força da Áustria-Hungria, se viu forçada a aceitar a independência da Sérvia, de Montenegro e da Romênia, e reconhecer a autonomia da Bulgária e também a resignar-se ao estabelecimento de protetorados militares austríacos na Bósnia-Herzegovina e no Sandzak de Novi-Pazar.
Foi na fase final desta crise que os albaneses começaram a vacilar entre a lealdade à Porta (Iugoslávia) e a reivindicação de um estatuto de autonomia. Sentindo-se ameaçados (albaneses) com os termos da Paz de San Stefano (3 de Março de 1878), que, entre outras coisas, previam uma Sérvia fortalecida e a constituição de uma «Grande Bulgária».
Foi quando um grupo de chefes e notáveis albaneses constituíram a Liga de Prizren (10 de Junho de 1878), com o objetivo de se oporem por todos os meios à absorção das terras albanesas pelos novos reinos cristãos. A maior parte dos pashas e beys albaneses muçulmanos era fiel ao sultão, desprezava as ideias profanas do Ocidente e queria, sobretudo, limitar a interferência do poder central nos assuntos da província, o que significava menos impostos, o fim da conscrição militar e o respeito pelas tradições que lhe eram mais caras: o direito ao porte de armas e a vigência da lei corânica.
Numa atmosfera de grande comoção, a assembleia plenária da Liga adotou, em Outubro de 1879, o programa político criado por Abdyl Frashëri, o mentor intelectual do movimento.
O programa de Frashëri propunha, entre outras coisas, a criação de um vilayet albanês unificado (que incluiria o Kosovo).
Durante dois anos, o projeto autonomista da Liga de Prizren consolida-se e conquista adeptos mesmo entre os clãs mais tradicionais da Albânia. A própria Grã-Bretanha, normalmente pouco ativa nos jogos diplomáticos que envolviam a questão albanesa, toma interesse pelas reivindicações da Liga, que em 1881 já governava de fato o Kosovo, organizando o recrutamento militar, assegurando o policiamento e cobrando impostos. Todavia, uma vez recompostas dos reveses de 1878, as autoridades otomanas tratarão de agir com firmeza contra as tendências separatistas do autoproclamado «Governo provisório» de Prizren.
Em Dezembro de 1881, as tropas do sultão esmagam um exército de doze mil albaneses que se preparavam para «libertar» as terras albanesas da Macedônia. Dissolvem a Liga de Prizren e prendem os seus principais dirigentes. Contudo, uma vez sufocada a revolta nem por isso o desejo de autonomia se apagará das mentes dos albaneses.
E em 1889 os albaneses criam uma nova liga, agora denominada de Liga do Pec.
A etapa final do governo do Kosovo pelo Império Otomano começou a ruir quando os Jovens Turcos tomaram o poder do Império Otomano do sultão Abdul Hamid em Julho de 1808. Tal tomada não durou muito, durou apenas três meses. E a Bulgária em Outubro de 1908 declara sua Independência. E o Império austro-húngaro anexou a Bósnia-Herzegovina a seu território.
Desgastadas por três anos de luta antiguerrilha, e pelo conflito com a Itália na Tripolitânia, as autoridades otomanas capitulam perante os rebeldes albaneses em Setembro de 1912.
Em Outubro de 1912, a recém-formada Liga Balcânica (que unia a Sérvia, Montenegro, Bulgária e Grécia) desencadeava uma guerra de agressão contra a Turquia que em escassas semanas iria pôr termo a cinco séculos de presença otomana nos Bálcãs. E, claro está, sem a sombra protetora da Porta, os muçulmanos albaneses encontrar-se-iam à mercê dos novos «cruzados» cristãos.
A anexação do Kosovo era uma das prioridades da guerra da Sérvia (e de Montenegro). É verdade que o Império Otomano, muçulmano, invadiu e dominou quase toda a montanhosa península por mais de quinhentos anos, deixando sua marca. O próprio nome da região vem do turco, em que balkan quer dizer “montanha”.
E «Vingar» a derrota de Lazar e restaurar o antigo império nemanjic eram slogans repetidos até à exaustão pela imprensa nacionalista de Belgrado (capital da Sérvia), e dois objetivos exaltados por políticos, figuras religiosas, artistas, historiadores e escritores. No Kosovo e na Macedônia os soldados sérvios e montenegrinos fizeram jus a essa sede de vingança, incendiando aldeias, vandalizando as mesquitas e massacrando os civis. E aí a Sérvia anexou o Kosovo e a Macedônia alegando que eram no passado pertencentes ao reino nemanjic. Até porque saberia que seria cobrada uma explicação pela comunidade internacional.
Quando em Maio de 1913 se encerraram os trabalhos da Conferência de Londres, a reunião internacional convocada para discutir e aprovar o ordenamento territorial emergente da primeira Guerra Balcânica, a Sérvia alcançava praticamente todos os seus objetivos.
A Sérvia absorvera os distritos kosovares e macedônios da Turquia, tornara-se o Estado eslavo mais poderoso dos Bálcãs ocidentais e apenas não conseguira obter a saída para o mar que tanto ambicionava (o porto albanês de Dürres). Os albaneses não tiveram tanta sorte. Apesar do patrocínio de italianos e austríacos – pouco interessados numa Sérvia hegemônica na região –, o máximo que conseguiram foi o reconhecimento de um minúsculo Estado (tratava-se de impedir o acesso da Sérvia ao Mar Adriático), cercado por países hostis, governado por um príncipe prussiano, e habitado apenas por metade do milhão e meio de albaneses recenseados nas antigas províncias otomanas. Aqui reside a principal causa do seu famoso irredentismo.
A Europa via os Bálcãs como fazendo parte do Império Otomano e não da Europa.
O Império Otomano tomou também a Península Ibérica ficando lá de 711 até o ano de 1492 (781 anos). Os turcos na Bulgária chamavam de Balkan (A Montanha) a cadeia Stara Planina, que atravessa o território no sentido Oeste-Leste e deu nome à península. A Bulgária é divida ao meio por esta montanha.
Tratando de fatos mais recente cita-se que o Kosovo se tornou independente da Sérvia em 17/02/2008 (há 14 anos). Houve a intervenção internacional no Kosovo nos anos de 1998-1999 pela ONU junto com a OTAN. Porque como sabemos houve o fim da guerra contra a Iugoslávia.
O Bálcã é delimitado por mares nos seus três lados: o mar Adriático e o Mar Ioniano, a oeste, o mar Egeu, ao sul, e o mar Negro, a leste. Ao leste, seu limite é o rio Danúbio, o rio Save e o rio Krka.
Eles atualmente são compostos de onze Estados soberanos, Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Grécia, Macedônia, Montenegro, Romênia, Sérvia e, parcialmente, a Turquia. A eles se agrega de fato o Kosovo, não reconhecido pela ONU, nem pelo Brasil, como país independente.
A Bósnia só deixou a guerra em 1995. O problema da Bósnia é étnico. No passado a Croácia e a Eslovênia eram territórios pertencentes ao antigo Império Austro-húngaro.
Esta região (O Bálcãs) abriga três religiões: católico romano, católico ortodoxo e o mulçumano. E três impérios dominaram esta região: O Império Austro-Húngaro, o Império Russo e o Império Otomano. Uma mistura de povos: Os húngaros na Romênia, na Eslováquia, na Ucrânia e na Iugoslávia; os albaneses no Kosovo e na Macedônia; gregos na Albânia; turcos na Bulgária.