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Por: Luís Salvador Poldi Guimarães (Dodô)
O Mundo é um Moinho" é uma canção composta pelo cantor e compositor de samba Cartola e foi gravada por ele no ano de 1976 (47 anos).
A música foi composta para Creuza Francisca dos Santos (1927 – 2002 viveu por 75 anos), filha de Rosa do Espírito Santo e de Angenor Francisco dos Santos, e afilhada (batizada) da primeira esposa de Cartola, Deolinda. Após o falecimento da mãe de Creuza, quando esta era ainda uma criança, Deolinda e Cartola passaram a criá-la como filha. A canção refletiria as preocupações de Cartola para sua filha adotiva e suas opções amorosas. Isto não é verdade. Dona Zica desmentiu.
Muitos cantores, como o próprio Cazuza, cantam essa música, na seguinte parte: "preste atenção, o mundo é um moinho" com a frase seguinte: "vai triturar teus sonhos tão mesquinhos”.
Narra uma desilusão amorosa, talvez vítima da prostituição ou mesmo de um amor que deu errado!
Ou seja, o sonho da menina em se prostituir. Que avisou para os pais que estava abandonando a casa para seguir na vida da prostituição.
O samba raiz tem nome: Cartola. Apontado como o maior sambista que o Brasil já conheceu, ele nasceu no Rio de Janeiro em 1908. Angenor de Oliveira, o eterno Cartola, ficou conhecido por grandes sucessos, como: As Rosas Não Falam, Preciso Me Encontrar e O Mundo É Um Moinho, canção com algumas teorias sobre o que de fato teria inspirado Cartola.
Do tradicional samba da Mangueira para o Brasil, Cartola, assim como muitos sambistas do passado, não teve o reconhecimento merecido em vida, mas hoje todos sabem o valor de suas composições para o samba brasileiro.
Esta primeira música que vamos ouvir é denominada: Os Meninos da Mangueira é de autoria de Rildo Hora e Sérgio Cabral. Marinho no violão sete cordas, Marcelinho no surdo, Café no pandeiro, Manezinho no cavaco. Quem está cantando é Zied Coutinho.
Rildo Alexandre Barreto da Hora nasceu em Caruaru no dia 20 de abril de 1939. É um gaitista, violonista, cantor, compositor, arranjador, maestro e produtor musical brasileiro.
Sérgio Cabral é Sérgio de Oliveira Cabral Santos. Amigo de Martinho da Vila, Ele (Sérgio Cabral), junto com o Jaguar e o Tarso de Castro criaram o Pasquim. Jornalista, crítico de música e arte, conhecido boêmio dos bons tempos do Rio de Janeiro, frequentador do tradicional bar Petisco da Vila, um dos berços do samba e das noites cariocas. Morava em Cascadura. Ele é o pai do Sérgio Cabral Filho condenado a 294 anos de cadeia.
Há quem diga que Cartola teria descoberto que Creuza estaria se prostituindo, porém, em nenhum momento a letra deixa isso claro. Essa interpretação foi feita pela crítica. Que, inclusive, pode não ter fundamento, mas é pouco provável.
Inclusive, o que se sabe é, que Creuza se tornou cantora e a letra, em forma de um aviso sobre o que seria o mundo lá fora e o que esperar dele, teria sido uma forma de Cartola aconselhar a filha adotiva.
Na época ela era uma adolescente e estava começando a se descobrir e a se interessar por relacionamentos, o que é absolutamente normal no desenvolvimento de qualquer ser humano.
Ao analisarmos a letra, observamos que Cartola se refere a uma mulher mais jovem, que ainda está começando a viver a vida e vai precisar lidar com as adversidades da vida.
Sendo assim, a interpretação se torna subjetiva, com cada um podendo sentir e entender a canção a seu modo. Eu aqui vou expressar o que eu senti. Narro uma história em que eu não conheci e nem vivi. Apenas me posiciono desta forma. Posso estar completamente enganado. Mas, foi o que eu entendi do estudo desta canção.
A menina Creuza foi adotada por Cartola e sua esposa, Deolinda, quando tinha apenas 5 anos de idade. Seus pais biológicos eram amigos do casal e, com a morte da mãe de Creuza, Cartola e Deolinda assumiram a educação da criança.
Eu, pessoalmente, acho a adoção de uma criança um gesto louvável, mas, nos meus estudos sobre adoção, conheci pessoas que muito se arrependeram deste gesto. Afirmando que a vida é um moinho e que não se altera a alma, que a alma trás em si conhecimentos apriori (inatos), de difícil modificação.
Por influência do pai adotivo, Creuza começou a cantar muito jovem, aos 14 anos chegou a fazer apresentações na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Por conta dessa convivência entre pai e filha, O Mundo É Um Moinho mostra os anseios de um pai com o futuro e as escolhas de sua família.
A música se tornou um dos maiores sucesso da carreira de Cartola e chegou a ser regravada por Cazuza, Ney Matogrosso e Beth Carvalho.
A grandeza poética da canção se mostra logo no título, através de uma metáfora em que Cartola anuncia o mundo com sendo um moinho, ou seja, um lugar em que é preciso ter atenção para não se deixar triturar pelas mazelas. O moinho possui uma pedra dentro dele denominada de Mó. Que tritura os grãos reduzindo-os a pó. O exemplo é o fubá de milho.
Na primeira estrofe, o personagem dialoga com alguém jovem, dizendo que ainda é muito cedo e que ela nem começou a aprender sobre o que é a vida. Sendo assim, não é tempo de decidir, por sua prória conta, o seu destino!
No segundo verso: Preste atenção querida. Neste verso, ele usa o termo querida (no feminino) e então a gente fica sabendo que ele está se referindo a alguém do sexo feminino.
Temos a impressão que a garota está decidida sobre algo, (eu, pessoalmente, interpreto como a prostituição, a música não afirma isso, é pura intuição minha) mas o personagem lamenta que a cada esquina um pouco da sua moral (analogia com o moinho de milho) vai sendo triturada pela pedra do moinho da vida e transformada em fubá (uma mercadoria de baixo valor) e o grão de milho (ela) vai perdendo o encanto (virando pó). Deixando de ser o que era.
Escolhi a interpretação de Beth Carvalho. Já que vejo Beth Carvalho como uma das melhores intérpretes de samba. Beth Carvalho depois que separou do marido foi morar em São Conrado.
Em 2010 Beth Carvalho sofreu um acidente e quebrou um osso da coluna (osso sacro causado pela artrose). Beth Carvalho faleceu em 30 de abril de 2019, aos 72 anos. Estava internada desde o dia 8 de janeiro, no Hospital Pró-Cardíaco do Rio. A causa foi uma infecção generalizada. O velório aconteceu no Salão Nobre da sede do Botafogo de Futebol e Regatas.
Foi uma das protagonistas da Campanha de Lula. Ela iniciou cantando Bossa Nova. No Festival Internacional da Canção de 1968, conquistou o 3º lugar com Andança, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, e ficou conhecida em todo o país.
Apesar do tom de aconselhamento da música, Cartola se refere à menina de forma muito carinhosa (querida, amor), agora chamando a atenção dela para que veja que o mundo não é um lugar de vida fácil, e que logo os sonhos dela podem ser triturados.
É como se ele quisesse alertá-la para que não se adentre a este estilo de vida, de profissão e reaja e perceba que tudo isto pode terminar como pó.
O último verso: Preste atenção, querida. De cada amor tu herdarás só o cinismo. Quando notares estarás à beira do abismo. Abismo que cavaste com os teus pés.
Neste último verso, o pai Cartola, agora fala sobre as desilusões amorosas, pois caso a menina não mude de vida, poderá viver cada amor, só que maneira não verdadeira.
Falando da Creuza, de sua maneira que não vai levar a nada, passageiro, obtendo apenas o lado sombrio do prazer rápido.
Assim, logo ela se verá perdida, na beira do abismo que ela mesma, por falta de maturidade, cavou.
Levando em consideração o conservadorismo da época, infelizmente o ato da jovem mulher sair de casa antes de casar-se, era comparado à prostituição, mesmo que Creuza não estivesse se prostituindo de verdade. O que sabemos é que a letra, em forma de aviso sobre o que seria o mundo lá fora e o que se esperar dele, teria sido a maneira que Cartola encontrou para aconselhar sua filha.
Cartola foi casado com dona Zica – Euzébia Silva de Oliveira. O casal foi o fundador da Escola de Samba Mangueira.
Uma pena que nossas escolas de samba viraram uma empresa. Não que sejamos contra à evolução. Mas, trocamos a beleza do amor pela paixão pelo dinheiro.
Hoje nos prostituímos na vida, a troco das mazelas do poder do dinheiro que transformou o nosso Planeta (transformou as nossas vidas) em um moinho. E hoje nos vimos esmagados pela mó a espera do grande milagre da transformação da carne em pó. Perdemos a cadência do samba e nos contentamos com Éguinha pocotó... Pocotó... Pocotó.
E onde é que se juntam o passado, o futuro e o Presente? Onde o samba é permanente. Na Mangueira minha gente!
E o samba virou marcha. Perdeu o xingado, perdeu a beleza, perdeu o encanto! O que se destaca hoje é o marketing! Destruíram a magia de Ataulfo Alves.
O samba ficou caro! E quem samba é o preto pobre, o negro. Branco não samba. Os desfiles das escolas de samba se elitizou. O povão fica de fora. Não têm recursos para desfilar. E nem para assistir as escolas na Passarela do Samba, pois ali é o lugar dos turistas milionários. Pobre não faz turismo.
E, para piorar as coisas, a religião se posiciona contra o carnaval. A maior cultura de um país. Que dá título ao país. Brasil, o país do carnaval! Uma tradição afro. A Religião se posiciona contrário. Com a divisão. Perde o Carnaval, perde a também a Religião e o mundo aumenta seus grãos para serem triturados pelo moinho da vida!
Por 10 anos seguidos Cartola foi o autor dos sambas enredos da Mangueira. Hoje o samba é dividido por estrofes, cada sambista faz uma estrofe. É composto por várias mãos.
O samba era feito por amor. Hoje o samba é feito por dinheiro. Mesma analogia pode fazer com a Religião. A Religião era feita por amor. Hoje o objetivo da Religião é arrecadação (dinheiro). O dinheiro veio substituindo o amor em tudo. Até nas relações trabalhistas, no casamento... Casava-se por amor hoje casa-se por dinheiro.
O termo Mangueira veio porque a Quinta da Boa Vista em todos os quintais o que se via plantado eram mangueiras. Até porque eram os lugares onde os escravos descansavam e até se escondiam dos capatazes.
Observe que quando falamos do carnaval, falamos do negro, do escravo, da pobreza. E se Deus fosse brasileiro, ele seria Flamenguista, passista da Mangueira e Capixaba. Porque é apaixonado pelo Espírito Santo.
O trem parava na Mangueira (primeira estação) por isso o tema Estação Primeira de Mangueira.
Como curiosidade: Nilo Peçanha (Presidente do Brasil, nasceu em 12/10/1867 em Campos dos Goytacazes - RJ) frequentava Morro do Côco e ficou conhecido de Leonor Pereira. A diferença entre eles de idade é de 48 anos. Cito este fato porque Leonor Pereira, em seu livro ela cita, que conheceu Nilo Peçanha. Quando Leonor conheceu Nilo Peçanha ele já havia sido presidente do Brasil e não era mais Presidente do Brasil.
O avô de Cartola era campista e foi levado para o Rio de Janeiro por Nilo Peçanha quando Nilo Peçanha se tornou Presidente do Brasil em 14/06/1909. Ele veio como cozinheiro do Palácio Laranjeira. Porque o avô de Cartola era padeiro.
O pai de Cartola tocava violão. E participava de um grupo carnavalesco (bloco) denominado de arrepiados. E esta escola de samba adotara as cores verde e rosa nas vestimentas quando desfilavam pelas ruas da cidade. Por isso a Mangueira adotou as cores verde e rosa como cores da Escola de Samba.
Foram sete os fundadores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Entre eles Carlos Cachaça. Esta história foi musicada por Ataulfo Alves no samba: Os meninos da Mangueira (nossa 1ª música). Que narra toda a criação da Escola de Samba Mangueira.
Carlos Cachaça era um alfaiate, menestrel. Cartola o Bacharel. Existia um delegado, um dançarino e o Marcelino. Um bando de doidos. Gente, eu gosto dos doidos. Inclusive, nas minhas orações eu peço a Deus que preserve os doidos, os loucos e os poetas.
Os fundadores: 1. Zé Espinguela, 2. Saturnino Gonçalves [Satur], 3. Chico Forrão, 4. Pedro Caimi [Pedro Paquetá], 5. Cartola, 6. Aberlado Bolinha 7. Euclides Roberto dos Santos (foi na casa dele que foi assinada a ata de formação da mangueira – faleceu com 35 anos de idade).
Cartola compôs vários sambas: As rosas não falam.
Cartola teve outros amores antes de Dona Zica. Ele namorou outra mulher por 22 anos (Diolinda). Cartola é 4 anos mais velho que dona Zica.
Ambos se casaram e ambos ficaram viúvos. Foi quando houve a união de Cartola com Dona Zica. Ambos então no segundo casamento. Casamento é assim o segundo é sempre melhor que o primeiro e o terceiro é ainda melhor que o segundo e assim sucessivamente até onde a morte permitir. Eu estou no terceiro casamento.
Cartola sempre foi grande amigo do Carlos Cachaça, Paulinho da Viola, Zé Keti, Elton Medeiros. E compunham juntos. Os dois não negavam a raça. Era um litro de manhã e dormiam. Depois tinha ainda o litro da tarde. Ainda mais quando se juntavam com Noel Rosa. O nome Carlos Cachaça não nega a raça.
Cartola era biscateiro. Gostava de pintar casas e não gostava pintar quadros. Pintor de paredes. De bar em bar e emprego mesmo que é bom, nada! Dona Zica sofreu muito com ele!
Até que se tornou empregado público. Ele foi nomeado a Contínuo do Ministério da Indústria e Comércio.
Aí Cartola acusava que o samba enredo acabou. Quando criaram o refrão. Hoje só se sabe o refrão. O resto do samba perdeu a importância.
A realidade é que os talentos não são valorizados. O conhecimento inato foi perdido. O trash “lixo” foi o que sobrou.
Valorizamos o lixo. Rui Barbosa previa isso, o homem no futuro vai se envergonhar de ser honesto. Pergunta hoje: qual foi o samba da Mangueira do último carnaval? O de 2020 antes da pandemia?
Jamelão chega a chorar! De tantas saudades! Me leva que eu vou. Sonho meu, atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu!
Depois vieram os problemas com os bicheiros (destaque para o bicheiro Natal). Prenderam os bicheiros do Rio de Janeiro e como eram os financiadores das Escolas. O Rio de Janeiro sofrera um baque com esta decisão. Na Mangueira o caso do Zinho da Mangueira (que era bicheiro). Neste tempo ainda o Carnaval era do povo. O Maracanã era do povo. O Flamengo entrava no Maracanã com o slogan “O Maraca é nosso! A-ha o-ho”. Perdemos tudo isso com o padrão FIFA.
O povo não tem dinheiro para ir a Apoteose e nem ao Maracanã. O povo não aquenta acompanhar o Flamengo todas as quartas e domingo. 8 vezes por mês pagando R$ 100,00 pelo ingresso. Isto equivale a 80% do salário mínimo.
A urubuzada de ontem são os louros de hoje. O Maracanã se branqueou perdendo a negritude característica da torcida do Flamengo. Éramos todos pobres frequentando a geral.
Lembrando que a Portela é o grupo carnavalesco do Rio de Janeiro com maior número de títulos, porque houve a profissionalização do carnaval. Onde os passistas eram comprados e pagos para desfilar.
Nova mudança acorrera com a transmissão dos desfiles pela Televisão. E a criação da Liga em 1987.
Estas modificações não foram ruins. Mas, sofisticaram o carnaval.
Estas modificações foram algo benéficos para as Escolas. Foi havendo a substituição do amor pelo dinheiro. Foi quando começaram a construir o grande moinho no Planeta.
Aí veio a geniosa ideia do Brizola de construir o Sambódromo. Cronometraram o desfile. E o garruchão entrou em cena quando os passistas se demoravam diante do corpo de jurados. Imprensaram os espaços. Diminuíram-se os tempos. Isto encareceu em demasia o carnaval e o futebol. Duas maiores culturas nacionais.
Perdemos nossas belezas. Destruímos os coretos, destruímos a espontaneidade da beleza, da alegria. E assim vamos colocando a cultura sob a grande pedra do moinho, uma grande Mó.
A beleza continua viva. São lindos ainda os nossos desfiles de Escola de Samba. A amplificação do som destruiu o quesito harmonia (que são os passistas cantando o samba enredo).
Falando de Mangueira não posso me esquecer da Alcione, Dona Neuma, dona Joana Velha. O armazém do seu Almeida em frente da Estação. Nélson Sargento.
Foi no dia 28/04/1928 no Buraco Quente. No bloco dos Arengueiros (bloco da briga) era nesse bloco que Cartola saia. Tipo bloco sujo. O samba nasce da macumba e a macumba nasce do samba.
O Brasil tem muito disso. Troca às bolas. Paulinho da viola toca é cavaquinho e Nelson Cavaquinho toca viola. Cartola usava chapéu côco marcado pela música o Bêbado e a Equilibrista.
Em outubro de 1964, Dona Zica e Cartola finalmente oficializaram a união em uma cerimônia de casamento realizada na Paróquia Nossa Senhora da Glória, que contou com a presença de grandes amigos e de muitos jornalistas.
Cartola, que tinha uma doença no nariz chamada rosácea, passou por uma cirurgia. Graças à intervenção dos amigos, não precisou tirar dinheiro do bolso. Por descuido do próprio sambista, a cirurgia deixou uma mancha negra na região, sinal que se tornaria sua marca característica. Para o casamento, Cartola ganhou também uma dentadura nova, de modo que ficou bonito no seu terno de noivo.
A partir do final da década de 70, a saúde de Cartola foi se fragilizando e internações se tornavam cada vez mais frequentes. Em 1977, o sambista teve identificado um câncer na tiroide. Operação feita, o problema retornou dois anos depois. No começo de 1980, uma nova internação, desta vez ocasionada por uma hemorragia digestiva. Recuperado, comemorou o aniversário de 72 anos com os amigos no apartamento de Hemínio Bello de Carvalho, mas em novembro o poeta mangueirense voltou a ser internado e desta vez não resistiu. Cartola faleceu no dia 30 de novembro de 1980, no Rio de Janeiro, aos 72 anos. Seu corpo foi velado no Palácio do Samba, na quadra da Estação Primeira de Mangueira. Na ocasião, as principais Escolas de Samba cariocas mandaram seus estandartes para fazer companhia ao manto verde e rosa. O corpo do sambista foi enterrado no cemitério do Caju, ao som do surdo da mangueira tocado por Mestre Valdomiro e pelo coro dos presentes entoando baixinho: As rosas não falam.
A agremiação reconhece como o ano de fundação da mangueira como 1928, porém Sérgio Cabral, munido de antigos papéis timbrados da escola, argumenta que a data correta é 28 de abril de 1929. O nome da escola se refere a uma estação de trem. Mangueira era a primeira parada onde havia samba após a Estação Dom Pedro II. Hoje é mais conhecida como Central do Brasil. Foi a escola que conquistou o primeiro título de campeã do carnaval, em 1932. Feito celebrado por Cartola que, ao falar do Morro da Mangueira, canta: “Tem lá no alto um cruzeiro. Onde fazemos nossas orações E temos orgulho de ser os primeiros campeões”. Nélson Sargento é o seu Presidente de Honra. Na verdade Nélson Mattos é seu nome verdadeiro. Nélson Sargento foi morar na Mangueira com 12 anos de idade. Nélson era um artista nato. Foi pintor e poeta.